segunda-feira, 15 de junho de 2009

Só enquanto eu respirar...

Não que tenha me batido saudade ou algo do tipo, mas hoje por algum motivo eu me apeguei às coisas frias. Voltei para a neve, pras músicas que me fazem lembrar de um certo cachorrinho.
Voltei para fotos dos vizinhos, do francês, do priominho amado. É, eu realmente sinto falta daquele vozinha aguda perguntando " bitoinha a xente vai palonde?". Sinto falta das conversas no sofá vermelho, das longas caminhadas a 5 graus abaixo de zero até o Camelot.
Vestida na calça listrada eu me pego pensando em tudo o que eu vivi naquele lugar, no meu novo mundo. Ao mesmo tempo imagino todas as coisas que não fiz e que poderia ter feito, e tudo o que eu perdi aqui por ter ido. Tenho no momento um Bandeira mas gostaria mesmo era de Pessoa.
Uma cama que não é minha, uma parede de uma cor que não me agrada, livros que eu nunca li e que não me despertam o menor interesse. As mesmas roupas, as mesmas bolsas, ausência de um aroma. Nada de onibus azul às sete da manhã, nada de andar de meias ou de dançar salsa, tango, merengue.
O engraçado é que durante toda a vida estamos preocupados em construir nossas asas. Às vezes abrimos mão de mergulhos e passeios pelo desejo absurdo de poder voar. Enquanto nos preocupamos com nossas asas, sempre aparecem uns e outros que podem ajudar-nos ou, não. Vem inclusive aqueles com a pura intenção de nos arrancar algumas penas e, mesmo que involuntariamente esses são os que mais nos ajudam, os que nos abrem os olhos para reparar nos minimos detalhes.
Uma vez contruídas , somos incapazes de nos adaptar a elas. Parecem muito pesadas ou muito pequenas. Não acreditamos que ela vão realmente nos fazer voar. Parecem não fazerem parte de nós, porque realmente não fazem. Nos vemos desesperados e aí encontramos alguém capaz de arrancar pena por pena até ficarmos sem nada e acreditamos que isso é normal.
Novas pessoas, mas algumas ainda estão na mente, ainda pertencem ao coração. Essa minha mania de colecionadora não dá muito certo. É só magoa, tristeza tranformada em sorrisos. São máscaras e as famosas mentiras sinceras, são pedidos que nunca vieram, são presentes feitos por mim, são ligações no meio da noite para pessoas avulsas. Medo reprimido, carencia de colo de cuidado, de atenção.
Vontade de sumir, falta a coragem, vontade de decidir meu curso, falta o esforço, vontade de amar, falta alguém. Vontade de chorar e o que não falta são lagrimas.
Publicar em um livro cada fisgada dessa dor. Virar artista.


...Vou me lembrar de você!

Um comentário:

Delirium disse...

A sinceridade e a sutileza com que faz teu texto são encantadoras.E quem nos marca, fica na mente... independente da nossa vontade.
vontade de decidir o curso? é uma vestibulando?
=*